Sunday, March 18, 2007

 




DA PIDE NACIONAL A SÓCRATES


Só nações trambolhadas não possuem a chamada Intelligentzia. Quer sejam socialistas ou direitistas (para facilitar uso este termo) as nações não prescindem de um grupo de “intelectos” que na sombra se constitui em alma dinâmica protectora da integridade e unidade do Estado. São uma verdadeira elite. Esta está distribuída por muitas instituições cujo peso político é o suporte da sobrevivência de qualquer nação, seja esta ordenada num Estado independente, seja confinada apenas a comunidades a quem é reconhecido internacionalmente o estatuto de nação. Nos dias de hoje, que instituições pertencem à Intelligentzia das nações? Na Rússia “liberal”, por exemplo, temos as várias direcções das Polícias Políticas e Secretas, a chefia (Primaz) da Igreja Ortodoxa, algumas (altos administradores) instituições bancárias cooptadas com o Estado e personalidades associadas em pequenos grupos juramentados à volta da sobrevivência. Dentro das Forças Armadas russas existe um grupo que funciona em paralelo com os organismos citados. Trouxe o exemplo da Rússia à baila, porque a alteração do seu antigo regime de economia planificada para o actual não descambou totalmente no caos e na indefinição, como aconteceu com Portugal. A Intelligentzia portuguesa do Estado Novo, com a revolução sem sangue que o desfez em apenas algumas semanas, foi totalmente desbaratada pela invasão da população desgovernada dos centros de decisão e pela perseguição que alguns malucos ignorantes (com responsabilidades) fizeram ao calhas a muitos dos seus elementos. Estes, por terem cu, tiveram medo e puseram-se na alheta. Não estavam treinados contra os motins da gentalha espantada. Estavam mais habituados a mandar caçar este e o outro que se tinham posto a opinar calmamente sem para tal estarem autorizados. Na Intelligentzia portuguesa estavam à vista a direcção da PIDE, altos quadros (sete) das Forças Armadas diligentemente distribuídos por organizações paramilitares. Alguns Superiores e Grão Vice-Priores da Igreja Romana em Portugal pertenciam a uma subclasse que obedecia directamente ao Cardeal. Este, usando de toda a cautela, só se encontrara oficialmente com o ditador Salazar duas vezes em 48 anos. Os outros encontros eram de índole secreta. Tratava-se de não expor a Igreja de Roma às más línguas das democracias ocidentais (França e Inglaterra as mais viperinas). Um dos célebres encontros dos superiores da Intelligentzia para discutir o apoio da Igreja à Guerra Colonial teve lugar entre a data da invasão de Goa até ao ataque da UPA no Norte de Angola. Salazar ao organizar o Estado Novo, sabia que não poderia mantê-lo se não organizasse eficazmente a Intelligentzia portuguesa a um nível internacional. Quando Salazar morreu, a Intelligentzia passou para a chefia de um decrépito correligionário seu: Américo Tomaz, homem de confiança dos ultras. Diga-se que por isso se autodesprotegeu. Nem mesmo Marcelo Caetano pertencia aos quadros superiores. Quando era Primeiro-Ministro o poder nacional da Intelligentzia estava nas mãos do Almirante e do Major Silva Pais. Este controlava todas os membros superiores das instituições à excepção do Grão Prior, no caso Cerejeira. Marcelo não teve nunca a confiança dos tais “intelectos”… A História ensinou Sócrates, que se ele quiser levar os seus planos de regeneração adiante, terá de apanhar os cacos da velha Intelligentzia deixada pelos fascistas. Ou então, mais difícil ainda, criar uma nova. Isso não é aconselhável visto não ter descoberto ainda quais são os seus inimigos internos (e também, já agora, inimigos da Pátria). Pode contar com Cavaco Silva que embora não seja membro dela, mostra ter faro para a questão. Sócrates com a sua actuação de novo cônsul e salvador da Nação Portuguesa está em primeiro lugar para ser indicado como chefe incontestado da Intelligentzia lusitana. Mais dois passos de mágica económica e ficará senhor do destino dos portugueses tal qual o velho enfeitador de aras e criador de galináceos. Depois, é só esperar por duas coisas: que secretos dirigentes lhe entreguem a alma incondicionalmente (está em causa a nossa existência como povo...) e lhe indiquem (nomeando) um despachante credenciado. Tudo isto pode acontecer! Sócrates é hoje, diga-se o que se disser, o homem de confiança dos assustados lusitanos. Acabo já. O suposto líder da oposição, o ainda Marques Mendes quer baixar os impostos. Era de prever um movimento de apoio da populaça a tal ideia? Nada disso! O povo já está a desconfiar daqueles que prometeram o Céu e o enfiaram no Inferno. Aprenderam com Sócrates e não querem repetir a dose. Quem prometer seja o que for está perdido nas urnas. Agora é só fome e porrada. Deu certo com o nosso PM. E, como dizia o meu amigo Alceu contando o final de uma história depravada: "Já que está, deixa estar!"
manuelmelobento

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