Friday, March 23, 2007

 




PORTUGAL NO NACIONALISMO ILHÉU

Dizem os livros e alguns ideólogos confirmam que o conceito de nacionalismo baseia-se nas seguintes características atribuídas a um determinado povo: a língua, “os jogos”, os deuses, o território, a organização política, os hábitos, os costumes, a moral, etc. Eu vou acrescentar algumas coisas mais que também estão nos cadernos: a ignorância colectiva, as crendices à ilharga da religião oficial, o modo como se bebe, o modo como se usa a água para a higiene pessoal, o modo como se confecciona os alimentos, o modo como se ama, o modo como se sofre, o modo como se respeita as leis, o modo como se foge aos impostos, o modo como se mente oficialmente, o modo como se distribui a população (concentrada, dispersa e mista), o modo como se censura, o modo como se interpreta os factos e mexericos, o modo como se respeita o semelhante, o modo como se trata os desprotegidos, os marginais e os seus prisioneiros. E, para acabar, o modo como se morre. Portugal nos seus quase novecentos anos de existência é visto do exterior como um todo que está aqui e ali. É uma espécie de puzzle. Por todos os cantos do mundo o que não faz falta são portugueses. Olhados, por vezes, como mouros de carga, esforçados e honestos, por outras como uma espécie de subclasse, ao ponto de alguns portugueses, uma chusma de letrados provenientes da mais baixa ralé, os renegarem. No global somos assim. Ou melhor, alguns o são. Porém, a tendência de ir e voltar faz de nós um povo diferente de muitos outros. Por força da nossa natureza e tez mestiça, pelo modo como choramos, pela maneira como facilmente nos cruzamos com os indígenas que fomos encontrando por esse planeta que farejamos a remos e à vela, somos fortes e fracos. Fracos quando imitamos. Fortes quando colocamos as nossas entranhas à flor da pele. As nossas emoções mornas não são como as emoções ferventes dos espanhóis, por exemplo, nem frias dos anglo-saxões. “Um fraco Rei faz fraca a forte gente!” Talvez por isso andemos à procura de um Dom Sebastião que nos venha ajudar a sermos outra vez gente já que somos um pouco loucos: quando tudo temos tudo destruímos e tudo pomos a perder. O que faz falta é sacudir as fatiotas que nos obrigaram a vestir. Onde estivermos, quer estejamos na Europa quer por esse mundo fora, temos de assumir e escolher o que melhor nos servir como pequenas ou grandes comunidades sem estarmos a desviar-nos do que mais nos liga. É uma questão de respeito por tudo o que somos e que fomos e que não podemos descartar sob pena de nos perdermos. Nas ilhas…
Continua
manuelmelobento

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