Saturday, April 28, 2007

 

PORTUGAL, OU REJEITA O 25 DE ABRIL OU ADOPTA-O SEM HIPOCRISIA …

Encontrar o fio condutor que defina de uma vez por todas a estrutura do Estado Português é coisa que ainda está por fazer. A Constituição que nos rege parece uma manta de retalhos. Cada um deles serve as clientelas que se foram criando à volta das diversas economias que sustentam o nosso modo de estar e ao sabor do atávico individualismo que nos tem caracterizado desde que se inventaram os falsos primórdios nacionais. O nosso dito Poeta Maior deu uma ajuda nesse sentido ao reinventar um Portugal de versos à imitação de Virgílio e da sua cópia latina do Ulisses, a dita Eneida. Camões foi repescado pelos ultras nacionalistas do Estado Novo com efeitos práticos muito “positivos”. O 25 de Abril, tendo em conta as diatribes utópicas do seu programa militar e “filosófico” esburacou a “Arca Camoniana da Índia” e numa de cidadão do mundo, à laia de Diógenes de Sínope, colocou-nos despidos de ideologia nacional. Os “festejos” da Liberdade, que entra ano sai ano têm vindo a substituir o 28 de Maio, tornaram-se-se numa espécie de baile de debutantes. Os que hoje debutam têm, como padrinhos da primeira valsa, os protofigurantes da democracia que de cravo ao peito assumiram (sem serem homologados) o estatuto de terem feito história. São vistos todos os anos – os que ainda estão vivos – na Assembleia da República, tal qual os heróicos das trincheiras quando comemoravam a Batalha de La Lys arrastando os pés Avenida da Liberdade acima. O 25 de Abril desapareceu das mentes dos portugueses. É preciso reavivá-lo! Quem o disse é Presidente da República. Cavaco Silva, de quem se trata, não fosse a revolta daqueles que não queriam mais guerra não passaria de gerente de uma filial bancária com perspectivas a chegar a administrador, isto se não tivesse conseguido um lugar de professor de liceu. Os mentores do Estado Novo eram muito rigorosos. Eram fascistas de brandos costumes. O 25 de Abril abriu as portas a toda a gente. Mais ou menos… Andamos todos à nora e à procura de encontrar o tal fio condutor. Ninguém assume claramente o que quer para Portugal. O Primeiro-Ministro anda por lá perto, mas copiando processos de outros tempos. Ora, ou assumimos o 25 de Abril e colocamos o cravo vermelho na lapela e cortamos com o passado naquilo que era de mais reprovável, ou condenamos o 25 de Abril naquilo que ele realmente foi: um acto de ignorantes que poderiam ter instaurado as liberdades democráticas sem ter de destruir o País. O Presidente da República não levou o cravo vermelho na lapela porque não está totalmente de acordo com aquilo que ele representa. É preciso sabermos se ainda estamos a tempo de formalizar o País. E, para isso, temos de inventar um novo “nacionalismo” que não ofenda os requisitos da Mãe Europa. Para já o futebol e os seus mitos não estão à altura de substituir a velha gesta em verso. Encontramo-nos num beco sem saída. É preciso voar, nem que seja com as asas da Florbela…
manuelmelobento

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