Sunday, July 08, 2007

 



ACHO-TE UMA GRAÇA! – 2

BUFOS

Depois de terem, descabeçadamente, colocado o País à beira de uma guerra civil, os agora empresários e ex-esquerdistas – perigosos guedelhudos – criaram uma entidade a que deram o nome de Comissão de Extinção da PIDE/DGS. Sabia-se que havia nos “escritórios” daquela organização à volta de um milhão de fichas de informação sobre cidadãos portugueses. Ora, sabia-se, também, que a soma de todos os funcionários daquela polícia política não ascendia em número umas escaças centenas deles. Como era possível haver um tão grande ficheiro sobre actividades político, sexual e religiosas de tanta gente (10 milhões) com tão poucos funcionários? Que pergunta infantil a minha! Eram os bufos, meus caros leitores! Um em cada dez portugueses era bufo no mínimo! Tanto assim era que, quando se prenderam sem culpa formada os ditos “pides”, esqueceram-se deliberadamente de actuar do mesmo modo contra os seus acreditados adjuvantes. As cadeias eram poucas e não havia família portuguesa que os não tivesse. Isto inclui familiares dos chamados heróicos capitães de Abril e não só. Não só, isto é, famosos esquerdistas tinham lá a sua quota de família. Cala-te boca! Os “pides” foram os únicos culpados… uma espécie de bode de expiação. Dava jeito. E a “revolução” seguiu os seus trâmites de legalidade revolucionária. Os ficheiros foram inteligentemente desviados da curiosidade dos jornalistas e quejandos. Nem tão cedo podemos lá meter o nariz. Por acaso, eu gostava de poder ler a minha ficha. É que cometi um crime “grave” e outros mais levinhos, o que fez com que eu para ter acesso a um lugar na função pública tivesse de esperar três meses pelo consentimento da PIDE. E, se não fosse uma boa cunha, só depois do 25 de Abril é que teria sido aceite como funcionário do Estado. O bufo era nosso amigo, nosso familiar, nosso professor, nosso catequista, nosso empregado, nosso patrão, nossa prostituta, nosso funcionário público, nosso padre, nossa namorada, nosso presidente da junta, nosso garboso oficial do exército, nosso sargento, nosso merceeiro, nosso botiqueiro, nosso taxista, nosso atleta, etc. Como é que a PIDE sabia tanta coisa? Desde 1974, não creio que tenham morrido todos. E quantos já nasceram depois disso? Oh, tantos! Todos os países têm os seus bufos. Mas nós exagerávamos. Éramos um país cheio de bufos. Nos dias de hoje, eles estão aí entre nós como “antigamente”. Como vivemos numa espécie de democracia, alguns desses grandes filhos de puta até dão a cara. O que é preciso é termos cuidado, porque eles, em qualquer regime em que vivamos destroem a nossa vida num ápice. É tempo de termos contenção na linguagem e escolhermos melhor as nossas amizades. É triste, nos dias de hoje, termos de pensar deste modo, mas é a única solução, por enquanto. Isto é, enquanto não tivermos a lista dos bufos oficiais e particulares para a publicarmos nos meios de comunicação social imitando outros desígnios que por aí proliferam não viveremos em paz. O pior é que nos tornaremos os bufos dos bufos. Será?
manuelmelobento

Comments:
Livrai-nos destes coiros.
 
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