Saturday, October 13, 2007

 



ESTA COISA DA POLÍTICA


Não passa pela cabeça de ninguém que Carlos César, chefe do executivo açoriano e socialista por opção de vida, se tenha aproximado “verbalmente” e formalmente de Alberto João Jardim sem ter concertado com Sócrates esta nova postura estratégica: criticar o Governo Central pela falta de compreensão deste para com o povo ilhéu e para com as suas “constantes e crescentes” aspirações. Ora vamos inventar… Sócrates faz que sim e que sim a Cavaco – Presidente da República – para poder governar sem que a “bomba atómica” possa impedir os objectivos a que se propôs: tornar Portugal uma espécie de Irlanda. Convém governar e deixar Cavaco pensar que tem um papel insubstituível no governo da nação. Mas nada mais do que isso. A Cavaco convém este estado seráfico e de balança. Nunca se pronuncia a não ser para repetir o que outros disseram e que poucas ondas fizeram. Nas ilhas disse o mesmo que Sampaio acerca da autonomia. A malta fica chateada mas depois passa-lhe. Contudo, é preciso desgastar a imagem de Cavaco, não vá ele transformar-se num “monstro” mas sagrado. Toda a gente sabe como reage o dr. Alberto João. Nada pior para um Presidente da República estar proibido de dizer numa parte do País aquilo que pode dizer noutra. O líder madeirense remeteu o Chefe do Estado para o papel que lhe está guardado: representar o povo e não o contrário, isto é, ser o povo a fazer a cabeça conforme e à medida do seu máximo representante. Cavaco engoliu. Na Península Ibérica, esboçam-se certos comportamentos de libertação e de autonomia progressiva em várias regiões. Cavaco não deve ter lido os jornais espanhóis. Ou, estará ele a reforçar – tal qual Sócrates – a aproximação com a Espanha na medida em que só agora Portugal se alia a ela oficialmente para combater exércitos separatistas internos que “parece” só agora assentarem arraiais no nosso território, que é como quem diz aquartelamentos. Estes comportamentos dão a entender que os políticos portugueses continuam a desconhecer a realidade dos arquipélagos. Para os manter inertes e inofensivos perante as suas políticas centralistas inventam um discurso sazonal. Um dia, a política realista terá de ser reformulada. Se Luís Filipe Menezes conseguir alterar a Constituição havemos de ver o que será feito das políticas para as ilhas. Quem ouviu o discurso de Alberto João Jardim no XXX Congresso social-democrata há-de perceber que as autonomias não são estáticas nem conformistas. Não percebi o que quis dizer Cavaco Silva ao comparar o desemprego no “Continente” com o dos Açores. Ainda por cima elogiou o povo açoriano como se estivesse a fazê-lo a um povo estrangeiro. Estaria Cavaco a criticar Sócrates indirectamente para se vingar da esparrela que os conluios socialistas lhe criaram? O que pretendem as regiões autónomas – através dos seus representantes oficialmente eleitos conforme os preceitos constitucionais - se são também Portugal? Desligar-se de uma governação e de uma vivência continental que entra ano sai ano não parece ter um rumo aglutinador? Desligar-se de um Portugal incomodado com “Abril” e que está todo entregue a um economicismo desumano e contabilístico? Desligar-se de um Portugal que dia sim dia não dá o dito pelo não dito em relação à “autodeterminação autonómica” dos seus territórios ilhéus como tudo levava a crer se iriam transformar? Madeirenses e açorianos são portugueses! Se ainda não perceberam isto, declarem-no de uma vez por todas. Portugal europeu irá perceber mais cedo ou mais tarde.
manuelmelobento

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