Tuesday, October 02, 2007

 



A VITÓRIA DE PEDRO

Tudo leva a crer que os próximos cinco anos sejam do domínio absoluto do Partido Socialista. A próxima maioria parlamentar está ao seu alcance e isso deve-se ao facto de o eleitorado identificar-se com a política do Primeiro-Ministro. Apesar das limitadas críticas jornalístico-comentarísticas, as únicas à excepção da comédia mensal e cadenciada em São Bento, Sócrates deu uma imagem de determinação a que há muito não estávamos habituados. A eleição de Luís Filipe Menezes para líder do PSD veio reforçar ainda mais o Primeiro-Ministro. E, isto deve-se ao facto de agora em diante a social-democracia apresentar duas frentes. Menezes é obrigado a chefiar a pulso uma delas enquanto a outra permanecerá no submundo das espreitadoras ex-estrelas de primeiro plano. Santana Lopes se souber distanciar-se de ambas poderá dar origem a uma vaga de fundo. Para isso basta-lhe fazer férias no “front” e actuar sub-repticiamente em doses higiénicas. É o único que poderá congregar o espírito de oposição já que Cavaco estará mais disposto a aceitar a flexibilidade como meta política de Sócrates. Já o declarou e por escrito. Cavaco ao propor-se a uma reeleição sujeita-se a voltar a ser o candidato oficial do PSD piscando o olho aos socialistas. Menezes é capaz de colocar Cavaco entre a espada e a parede. Cavaco não sobreviverá a uma recandidatura isolada. Vai ter de optar. Não haverá de novo uma reeleição à Ramalho Eanes. Mário Soares está fora do baralho. Manuel Alegre nada tem a ver com Portugal europeu e ser “antiflexissegurança” já não pega neste corredor neoliberal onde nos estamos a sentir atolados mas seguros. Resumindo: Cavaco é o presidente de todos os portugueses até ao momento em que pense recandidatar-se. Aí passará a ser o quê? Os partidos dirão a última palavra. O 25 de Abril abriu as portas a um Portugal desconhecido: o Portugal das elites partidárias que vivem à custa do Estado. Uma burguesia muito poderosa porque é por ela que passam os interesses do grande capital e o filtro dos eleitos. Neste momento ninguém se atreverá a opor-se a ela a não ser fragmentando-a. Ao inverter-se o processo de eleição dos líderes social-democratas pelas directas é de crer que se esteja a forjar um novo modelo de combate ao socratismo mais sólido e respeitável do que aquele que estava na antiga metodologia moribunda e desajustada. Para Santana Lopes quanto mais se queimarem no palco os presidenciáveis mais resguardado estará. E tudo pode acontecer para além dos desejos pela presidência, que é como quem diz ainda está em aberto a sua aceitação como futuro primeiro-ministro, uma vez que passados dois anos começa-se a julgá-lo de modo diferente. É que comparativamente ao que se passa com uma certa degradação na política, Santana reconquista, por direito próprio, o lugar como político de primeiro plano. Menezes, pelo que se espera dele, é capaz de não estar à altura. Sintomas como a da visão do Norte não jogarão a seu favor. O futuro dirá se para tanto vier a manifestar-se.
mmb

Comments:
Bem visto. Gostei.
Abraço-Sá Couto
 
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