Monday, January 21, 2008

 



VARA GRANDE

Os abutres da comunicação social portuguesa não perdoam quando alguém pertencente à sua fraca estatura consegue por o focinho na pocilga onde a burguesia chafurda. Com o rabo entre as pernas perante um patronato cada vez mais senhor dos destinos do País, os jornalistas evitam, no melhor estilo peçonhento, levar às primeiras páginas as denúncias do saque a que as riquezas criadas estão sujeitas, quer aquelas que a iniciativa privada produz quer aquelas que o Estado domina através dos desaforados que a democracia colocou como “caixas” e “pagadores” dos bens fiduciários (os mais corrosivos). Alguns saques, é verdade, saltam para aquelas páginas porque outros tubarões assim o desejam. Não fossem as jogadas de poder e estaríamos relegados aos escândalos da “socialite” e a pouco mais. Nestes tempos de democracia temos vindo a assistir à imolação de pessoas singulares sem arcaboiço social e sem família distinta ou tradicional mas que ganharam projecção no meio político. Esta projecção fez galgar alguns deles para meios económicos proeminentes. São, nos dias que correm, os senhores dos corredores onde passa todo o tráfico de influências apesar de a lei tal punir (artº. 335 do CP). Porém, os outros que apenas alcançaram protagonismo e um “empregozito” bem remunerado estão, mal comparando, como os nossos bons actores que depois de alcançarem num dia a notabilidade no outro estão dando saltos como os saltimbancos e a fazer cócegas à tarde aos telespectadores das nossas estações para poderem pagar a rendinha de casa. Há políticos que vivem o terror de se verem com uma mão à frente e outra atrás se perderem o emprego. Emprego político, está claro! Neste caso e entre muitos outros está o caso de Armando Vara que de simples balconista chegou à administração da CGD, empresa onde ainda manda o Estado através do poder executivo. Rios e rios de tinta se gastaram com o homem. Ficámos a saber as origens humildes, a luta para subir na vida, as “boas” amizades, o seu plano de estudos universitários, a maneira segura como saltou para a administração da CGD e desta para uma organização bancária sem arriscar perder regalias, etc. Ridicularizaram-no ao ponto de se transformar numa caricatura risível aproveitada por toda a espécie de crónica maldizente. Na mesma altura em que serviu de bombo o senhor Vara, milhões de euros saltavam para contas vazias e falidas. O Estado, não fosse um miraculoso estado de graça assente na ignorância do povo, estaria a contas com uma opinião pública entendida. Como não é o caso, a malta pensa que o Estado nada tem a ver com isso. O que interessa são fofocas. É o que distrai. O mais estranho de tudo é o facto um líder de direita nacionalista (PNR) ser o único político que se apercebe (?) que neste preciso momento este país está a transformar-se num caso de polícia. Disse o cavalheiro que é preciso voltarmos ao serviço militar obrigatório. Vejamos… os militares foram até agora uma reserva moral da Nação. Umas vezes descambaram para a direita outras para a esquerda, mas sempre recuperam a dignidade. Estiveram sempre longe dos grandes grupos da máfia financeira. Um ou dois casos isolados foram prontamente desmontados pela PJ Militar, o que torna o escândalo uma excepção. Nos dias de hoje, uma certa política profissionalizou as FA, tornando-as num aparelho ao serviço de negócios dos intérpretes do poder. As FA tornaram-se numa espécie de polícia especializada. Mais uma, uma vez que também as forças policiais se tornaram também elas especializadas. Fica, pois o povo sem ligação directa com aqueles milhares de rapazes amadores filhos do povo e com este ligados que eram “preparados” para amar e servir a Pátria. O que se dá ao povo hoje é o de um vazio nacional a toda a prova. Dominar estas FA e as suas companheiras dá cá um grande poder a uma certa gente. Saramago - que não aprecio - não estava muito longe (futurologicamente falando em verdade) quando “distendeu” Portugal à vizinha Espanha. Com os organismos de defesa à mão de semear daqueles que já designámos atrás, não será difícil com um estalar de dedos mudar. O leitor percebeu até onde a mudança pode ir? Espero bem que sim.
mmb






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