Sunday, April 19, 2009

 

PACTO DE RACIOCÍNIO
Bloco 4
O futuro que decorre de uma figura com movimento torna o presente passivo.
Visões do futuro
O desenrolar do movimento acompanhado da actividade do homem (repensar, observar, etc.) torna o futuro como sujeito. Um sujeito suposto ser analisado nunca no agora mas sim em expectativa.
O futuro não sendo senão uma figura de retórica que decorre de uma actividade mental cativa o presente tornando-o prisioneiro no registo. Um registo que é memória. E esta tem residência própria. Nunca poderei ter memória de uma coisa que está a acontecer, mas sim do acontecido. “O que está a acontecer” o próprio verbo indica o futuro…
Presente e passado são facetas de um mesmo plano porque se transformam em dados adquiridos. Tanto assim é que podem ser referidos e catalogados. Por isso nunca o presente é presente.
O sentimento é activo: é movimento.
Se o presente fosse movimento teríamos de encará-lo como acção e não como memória. Ora, primeiro existe a acção e só depois a memória dela. E quando esta surge serve para recordar o registo que é aquilo que designamos presente.
Para entender o presente tenho forçosamente de apelar ao futuro. Seria absurdo considerar que para entender o presente recorresse ao presente.
“Recordo o presente momento” é já de si um absurdo tanto de raciocínio como de expressão. Recordo o passado porque o movimento (futuro) o permite é mais condizente com a maneira de ser das coisas.
Se eu pudesse deslocar-me à velocidade do futuro não haveria futuro. Porque não consigo viajar tão depressa não o posso observar. Só como sentimento o posso pressentir.
Tentar quantificar o futuro talvez seja a melhor maneira de o entendermos.
Embora movimentando-me mais lentamente que o futuro nunca poderei parar em relação a ele, nem posso estar parado em relação aos registos (presente e passado).
Que começo tem o futuro se ele só sobrevive no seu próprio movimento?
No princípio do movimento?
Para considerar-se o princípio do movimento seria necessário concebê-lo como o fim do repouso. Fim do repouso… disparate. Seria um não movimento aquilo que antecederia o movimento. Quem está autorizado a dizer que na ausência do movimento existe o repouso?
O raciocínio humano criou o não movimento (repouso para não complicar) porque não encontra melhor saída para a questão.
O movimento tem regras – mais ou menos movimento – enquanto o repouso só a imaginação o conceptualiza.
O movimento tem etapas, velocidade e desvios. O repouso para ter significado teria de ser caracterizável. Só o fazemos apelando ao movimento, isto é, dizemos o contrário deste. Nem pode ser mais ou menos repouso, porque implicaria uma certa actividade. Não tem começo nem fim. Se tivesse começo, sê-lo-ia fruto de uma paragem do movimento. Considerar o fim do repouso seria concebê-lo esperando que o movimento arrancasse.
Se o repouso antecedesse o movimento teríamos de encontrar um momento de separação.
Só se existir como forma pensada. Tratar-se-ia de um registo coloquial… independente da nossa capacidade de observação.
O movimento é determinado pela mudança. E mudança é o futuro. Difícil é pensar o repouso, pois este não muda. Uma coisa que não muda poderá ter existência? Alguns inventaram-na e bem…
Facilmente detecto o movimento mesmo que este permita pensar o seu contrário. Será que vou encontrá-lo usando somente o pensamento? Que bom que seria…
Se o repouso não se movimenta, terá, então, de haver uma só “qualidade” de repouso. Algo sem partes, tipo ponto da geometria euclidiana. Safa!
(Continua).

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