Tuesday, May 19, 2009

 
GUERRA CIVIL – PORTUGAL 2010-2012 (por enquanto, conclusão)

Há trinta e cinco anos o país esteve à beira da Guerra Civil? Penso que não e digo isso baseado em factos que ainda devem estar presentes na memória de todos aqueles que assistiram ao derrube do Estado Novo. O 25 de Abril ainda está por explicar... Foi feito pelos filhos do sazalarismo cansados do medo da guerra e da falta de uma orientação da política de promoções na carreira militar. Perdidos por mil, perdidos por mil e quinhentos. Tentar derrubar o regime autocrático-benemerente daria quando muito a expulsão das fileiras e alguns meses de cadeia política. A malta sabia-o e bem. O 16 de Março deu indicações bem claras de como o regime dirigido por Caetano não sabia o que fazer. Julgar os militares desavindos faria deles autênticas vítimas e poderia motivar acções militares à portuguesa. O 28 de Maio tinha ensinado aos mais velhinhos que os castigos não eram ferozes tendo em conta o exemplo da Revolução Russa modelo de insurrectos. Mesmo depois do assassinato do Rei Dom Carlos – 1908 - o que houve foram uma série de escaramuças, com alguns mortos, mas nada que se compare com as vítimas de um fim de semana nacional aliado com uma ponte qualquer. E agora que o Marcelo partiu e que o homem do pingalim tomou formalmente o poder, que fazer? Spínola queria o mesmo com cheirinho a rosas. Aproveitando uma aberta eis que chegam de combóio revolucionários de tarimba que logo em seguida se desentenderam. Álvaro Cunhal - o mais sábio em revoluções e esperto por experiência - começou a piscar os olhos aos soldados e marinheiros. Não teve tempo para os mentalizar e organizar. Senão tínhamos experimentado o modelo sangrento do estalinismo. No 25 de Novembro acabou-se a apetência para um certo tipo de luta de classes a tender para a guerra civil. Um foco aqui outro ali e pronto. É certo que o estrangeiro não interferiu enviando armas e apoio militar para hegemonizar uma ou outra tendência. Nem a novel direita democratizada que gritava viva aqui e viva ali recebeu apoios de qualquer espécie que pudesse ajudá-la a avançar para retomar as regalias perdidas. Havia gente armada com partidos a apadrinhá-la por detrás, mas não era o suficiente para dar origem a uma guerra civil. Tanto a direita desfalcada quanto a esquerda desarmada voltaram-se para o Estado e foi um tal dividir os despojos. Uma certa esquerda roubou que se fartou e uma determinada direita associou-se-lhe. No confronto das duas quadrilhas, o Zé das Couves foi adquirindo benesses de todo o tipo. As minorias étnicas recauchutaram-se. Portugal virou pagode. Mas tudo tem um fim. A pia secou para os mais fracos e os mais fortes estão a ser abatidos aos soluços. As forças da ordem especializaram-se a servir interesses de uma certa classe. Militares, polícias e outras forças paramilitares constituem nos dias de hoje um perigo latente, pois podem, ao actuar, vir a desestabilizar a vida dos portugueses. Como? Reprimindo tudo que altere o programa dos que julgam que o Estado é uma quinta privada. Estas forças de elite enquanto unidas e obedientes constituir-se-ão em forças de repressão. Quando houver cisões internas há que temer o pior. Os desempregados jovens, os imigrantes, certas minorias e os castelos inexpugnáveis onde altos quadros do crime se acoitam são elementos propícios para fazer alastrar o descontentamento. A entrada de armas ilegais nos bigodes da autoridade são indícios de uma justiça feita por mãos próprias. Uma rebelião descentralizada não pode ser facilmente contida. Por enquanto, o Estado, a Igreja e algumas senhoras caridosas vão dando umas sopinhas aqui e ali sempre encaradas pelas estações de tv. Por enquanto, os dinheiros dos impostos vão dando uns subsídios encapotados de falsos empregos. Por enquanto, a corda estica. A revolta nos bairros populares pode servir de exemplo quando faltarem os meios de sobrevivência nos bairros da pobre classe média. O ruralismo português também não ficará de mãos cruzadas. Mesmo no tempo da ditadura – lembremo-nos da Catarina Eufémia – os camponeses também se revoltaram. Haverá policiamento capaz para suprimir uma escalada violenta? A fome é má conselheira. Até o bondoso doutor Salazar disse um dia: “Enquanto houver um lar português sem pão, a revoluçõo continua.” Resta saber a que tipo de revolução se referia aquele querido...



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