Thursday, July 09, 2009

 

Não quero ser português

Apesar de ser nacionalista açoriano nunca me passou pela cabeça deixar de ser português. Sempre pensei numa dupla nacionalidade. E fui por este caminho porque sempre distingui o Povo Português da canalha política que o dirige de tempos a tempos. A palavra canalha é um pouco forte, talvez a substitua com o andar da carruagem. Quando fui líder político uma das coisas por que me bati foi o facto de não admitir que alguém tivesse o descaramento de nos representar a nível internacional. Isto porque que quem se diz representar os nossos interesses vende-nos a preço do chicharro grado. Senta-se à mesa de negociações e julga-se senhor dos nossos teres e haveres. Em troca, o Portugal politicamente colonialista enche os bolsos a uma corja de colaboracionistas regionais que como em toda a parte existe esfomeada e insaciável. A política que gere as Forças Armadas e para-militares exclui os açorianos da gestão do seu destino, pois arrastam-nos para uma graduação de autóctones inferiores. O resto dos nossos poderes está de tal maneira hipotecado que muito dificilmente escaparemos aos compromissos que outros regularam por nós. Sei que sem o povo ao lado de uma libertação higiénica será muito improvável educá-lo para uma verdadeira autonomia. Habituaram-no a ter uma teta sempre pronta a matar-lhe a fome e com isso retiraram-lhe a capacidade de só por si conquistar um lugar ao sol.
Não quero ser português não fui eu que o disse, mas sim Maria João Pires (segundo a comunicação social). Foi contrariada e só por essa razão tomou esta posição drástica. Imagine-se se fosse ela açoriana o que não quereria ser. Já um dos maiores cómicos literários que dá pelo nome de Esteves Cardoso disse que tinha vergonha de ser português. Tratando-se de um palhaço do texto escrito nunca foi chamado à pedra por tal dito.
Eu, ao contrário, não tenho vergonha de ser português nem quero ter outras nacionalidades (já referidas). Tenho vergonha é de ver o país que me passou o passaporte e me instruiu estar dividido em corruptos e mentirosos, pobres e endividados. E, claro, com aqueles que se aglutinaram à volta dos dinheiros do Estado.
Politicamente correcto é a mentira institucionalizada. É com o que se pode contar. Pois seja.

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