Monday, September 14, 2009

 

Sócrates ESTADISTA?


Até ao encontro com Ferreira Leite, via canal televisivo, José Socrates poder-se-ai confundir com um qualquer estadista esforçado. Em vez de explicar ao país como é que governou resolveu atacar a inexperiente Manuela Ferreira Leite. Atacou-a pelo que disse e pelo que pensou que ia dizer. Só faltaram as primeiras palavras ditas ainda no berço e de xuxa na boca da nóvel candidata a primeiro-ministro. Foi uma estratégia desastrosa. Ora, todos nós sabemos que MFL é uma imitação do Cavaco primei-ro-ministro. Do alto do altar da economia, Cavaco julgava-se infalível. Não dava confiança a politiqueiros. Na época pegava muito bem dado que os governos democráticos, quer socialistas quer social-democratas (com Sá Carneiro esquerdista maleável) tinham de formatizar o país no modelo democrático. Tarefa difícil. Portugal preconceitualista, pagão e adorador de estátuas humanas divinisadas não alteraria de um momento para o outro o seu comportamento facilmente. Que o diga Mário Soares que sendo ateu percebeu que não podia deixar de beijar o anel ao Bispo de Lisboa se quisesse reformar o Estado: o pesado Estado Novo. Até as ditas elites de então eram um caso sério de anormalidades. Eram uns patetas que rolavam à volta do ditador. Este transformou-se de um dia para o outro num estadista. Meteu a malta num saco. Deu voz à autoridade. Aumentou os impostos. Fomentou o despedimento arbitrário e reduziu a inflação a zero. O escudo português era uma das moedas mais fortes do mundo. Pudera! Com esta estratégia até a minha avó seria estadista. Ah, esquecia-me das medidas antidespesistas. Os portugueses viviam para comer tais eram as dificuldades que tinham de enfrentar. Ora, Sócrates fez o mesmo, apesar de se dispor a ir ao Parlamento debater quinzenalmente a sua governação. Teatro. Puro teatro! Ora, se Sócrates se dispusesse a explicar por que razão teve de actuar como o Salazar, talvez tivesse ganho o debate com MFL. É que esta também só sabe governar assim: hirta, sem sorrisos, de poucas palavras, sóbria, socialmente conservadora, vivendo ainda na época dos que condenavam comportamentos homossexuais com a prisão e o despreso – deu a entender, pois na sua pequena cabeça não cabe o sentimento do amor em pessoas do mesmo sexo que queiram constituir família. É mais do género “fome e porrada” que caracteriza as relações da maioria da casa portuguesa. Veja-se o que dizem as estatísticas. Inclindo o assassinato das fadas do lar pelos machos ibéricos. Ora, a senhora doutora fez isto e aquilo. Mostrava em seguida o comprovativo leitiano. Sócrates parecia um bibliotecário investigador doutorando-se. Cavaco ganhou a eleição presidencial sem dizer fosse o que fosse a não ser que queria o melhor para Portugal. Como o faria? Era segredo. Mas apesar de este estar mais ou menos subjacente o homem não se desmanchava. O seu fácies era o de um rigor a toda a prova. Poucos sorrisos para criar credibilidade. E ganhou! E ganhou! Sócrates só precisaria de dizer que o TGV era para o bem do Portugal – a Bem da Nação , já dizia o outro. Tudo o que MFL atamancava teria de ser contraposto com o slogan : a Bem da Nação. Sócrates tem uma visão tecnológica para o país. Ninguém o pode negar. MFL vê a arrumação da pátria através de uma contabilidade muito restrita. Talvez até monopolista, ainda mais do que aquela que se verifica com este PM. A questão da segurança social é uma trave mestra deste governo. Sócrates não foi capaz de explicar porque é que aquela é hoje motivo de aceitação da maioria. Teve medo de explicar o contraponto? Sócrates fez muita caixinha. Por isso foi penalizado. Talvez não recupere. Votaram na vitória de MFL aquando do debate televisivo muitos telespectadores. Talvez tivessem razão. Os motivos foram atrás expostos. E que fez MFL para merecer a vitória? Pouco, muito pouco. O seu melhor argumento foi a dureza espalhada pelas rugas bem disfarçadas pelas esteticistas. São os políticos que temos. Melhor dizendo, são os políticos que os grupos económicos que mandam no país nos impingem. Podia ser pior.
mmb.

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