Wednesday, November 18, 2009

 
PEQUENA ECOGRAFIA DOS PARTIDOS

A liderança dos partidos portugueses é um fenómeno que merece algumas linhas. Raramente um líder é um compósito de um homem do saber com um condutor de homens e ideias. Comecemos pelo Partido Socialista. Mário Soares, apesar de ser um homem com cultura, tinha muito mais de condutor de homens do que de sapiência. Num escalão mais baixo Guterres foi um simpático líder. Sampaio e Constança foram dois tristes episódios na sua liderança. Ferro Rodrigues caíu em esparrelas próprias de jogos de poder. Não teve tempo de se impor. Sócrates é um caso de determinação liderante. Conhece os dossiers e seca tudo à sua volta, mesmo rodeado de técnicos de superior qualidade estes não atingem nunca o nível de disputa pela liderança. Vivem ao seu redor como borboletas à volta de 25 volts em dia de Verão. No consulado de Sóctrates, ao contrário das outras lideranças ninguém se põe de bicos de pés. Qualquer hipótese, por enquanto, seria um suicídio - nas urnas, claro. Já no PSD o que existe são pró-candidatos. Tão depressa elegem um líder gera-se no seu interior uma espécie torna-viagem de espectativas. Até Sá Carneiro que foi um bom líder foi sujeito a lutas intestinas e a cisões. Mota Pinto que foi o senhor que se seguiu - um grande senhor, diga-se, não teve tempo de cristalizar pois morreu aos 44 anos de enfarte no desempenho nas funções de líder. Três aves canoras se lhe seguiram, a saber: prof. Marcelo, o elegante Santana e o fugitivo Durão. Todos eles provaram o sabor do trono, mas circunstâncias várias correram com eles. Veio a seguir Marques Mendes, um advogado de muita categoria. Tão depressa foi eleito tão depressa o substituíram. Menezes o médico do Porto, também foi corrido. Claro que aqui falta registar o prof. Cavaco. Este foi de facto um líder, mas a questão surge porque Cavaco não gosta de bagunças democráticas e impôs o seu estilo mandão. Foi um interregno esquisito, pois Cavaco tem tanto de líder político quanto dureza. Impõe esta a si própria e aos seus colaboradores. Um deles F. Nogueira que o foi substituir também se diluiu no antro social-democrata. Antro, no sentido público do termo. Manuela Ferreira Leite é hoje uma líder a prazo certo. Tem um jovem promissor (44 anos) a fazer-lhe a cama - Passos Coelho - o que lhe augura tempestades e desequilíbrio. Ambiente que os social-democratas já estão habituados. Procuram um líder à Dom Sebastião. São uns líricos fideístas. Paulo Portas é um partido. Louçã dá a cara por um movimento que se transformou num partido e que viverá às suas custas enquanto durar a mensagem diletante e utópica que profere sempre que utiliza o seu altar particular. Jerónimo de Sousa é um líder colectivo, fácil, pois de substituir.
(continua)
mmb

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