Saturday, March 31, 2007

 


A NOVA BURGUESIA DE TODOS OS LADOS ORIUNDA

Enquanto a oposição ao governo de Sócrates se estica por todo o “continente”, a nossa, por cá, adormece à sombra desta Primavera que teima em aquecer. A direita portuguesa procura organizar-se - à custa de alguma perturbação - sem perceber muito bem o que está em jogo. Melhor, com o que pode ir a jogo, já que os tempos difíceis obrigam a uma certa contenção. No entanto, Marques Mendes, perdido no deserto sequioso das propostas exige que se baixe os impostos. É o que queremos ouvir, mas não todos. Se por acaso algum milagre o levasse ao poder, devia continuar a dar seguimento à política de contenção, isto é, os impostos subiriam está claro. Não percebeu, nem ele nem os seus companheiros, que se está a desenhar uma nova classe média que apoia o rigor e o sacrifício dos mais desfavorecidos para ela poder emergir (legalmente). Acontece sempre que se tomam certas medidas que tornam o Estado mais rico. Esta classe média que já tem os dentes de fora foi criada pelos vencimentos de milhares de abutres (consultar www. Fogotabrase.blogspot.com e outros que prestam serviços de alerta) que se dedicaram a chular o erário público (a maioria são políticos que se profissionalizaram); “comerciantes e industriais” ligados por um cordão umbilical aos financiamentos encapotados pela banca ao serviço do socialismo nacional; os que de um momento para o outro “descobriram” onde e quando o Estado (autarquias, ministérios) iria investir tanto em terrenos como na aquisição de bens; os que não pagaram impostos milionários perdoados pelos organismos oficiais; os acólitos da Expo 98 e dos estádios de futebol; os que transferiram e lavaram dinheiro cá e lá (estrangeiro); os que enriqueceram à custa do jogo; os que desviam dinheiro que devia servir as causas sociais; os dirigentes, assessores, etc, que se associaram nas empresas semipúblicas e que estão sempre a saltar de umas para outras; os traficantes de estupefacientes (grandes e médios); os tubarões da comunicação social que encapotadamente dividem o mercado com a cumplicidade do Estado; os que fazem contratos para entretenimento cujas verbas ninguém as sabe pois constam de pagamento a diversos; os negociantes das ramas de petróleo, do gás e da electricidade; os milhares de altos quadros de todos os ministérios que estão no activo depois de se reformarem; os patrões da prostituição que preferem ser presos a pagarem impostos; os que meteram ao bolso luvas (10% do costume) de pontes e outras aparentadas… este texto devia ser continuado pelo engenheiro Cravinho que sabe muito sobre a matéria, porém, já não mora por cá… Eu, entretanto, fico-me por aqui. O que é que tem isto tudo com os Açores e a nova direita adormecida? Isso queria eu saber…
manuelmelobento



Thursday, March 29, 2007

 




QUAL A LEGITIMIDADE DO 25 DE ABRIL? (a)


Com uma simples brincadeira levada a cabo pela merdia RTP (copiada de ingleses e outros que tais), os portugueses (correndo o risco de serem identificados, o que não acontece nos actos eleitorais em que o voto é secreto) aproveitaram para votar em Salazar. Traduzindo em votos verdadeiros esta espécie de teste, inferiríamos que se um putativo partido político fosse formado actualmente por Salazar (vivo), à imagem do que fizeram Sá Carneiro, Pinto Balsemão e outros (CDS-PDC-PS-PCP-MDP/CDE), este velho “ditador-de-sacristia”, tão odiado por uns mas amado por muitos mais, vencê-los-ia a todos. E teríamos à porta de casa a Mocidade Portuguesa (já anda nas ruas, porém, sem farda), a Legião (toda infiltrada, nos dias de hoje, na Legião de Maria), a PIDE, hoje substituída pela PJ (pelo menos foi o que disse frente às câmaras dos merdia um implicado no caso da Universidade Independente). Quanto à GNR, PSP e PM (marítima) são as mesmas. Foi o 25 de Abril alguma vez a votos? Não, porque perderia em toda a linha. Ainda há pouco, a malta de esquerda votou no SIM/IVG. Onde estava quando tudo se cooptava para elevar o bom ditador ao título de o maior português de sempre? Esta “esquerda” portuguesa não se faz parva quando se trata de arrumar a casa contra o povo e a favor do grande capital – aquele que traz a paz social à custa da repressão. A esquerda caviar (como li hoje no reaccionário José Manuel Fernandes) está toda ela parecida com a antiga direita do Estado Novo. Até o imbecil do Durão Barroso se parece com Salazar já velhinho. Quer dizer, para não levar esta lenga-lenga muito comprida, que a maioria dos portugueses é por uma ditadura acolitada pela Igreja de Roma. E que o seu “Duce” pacífico seja o mais parecido com António de Oliveira Salazar – Salazar por parte da mãe. É óbvio que não agrada aos políticos instalados nas actuais mordomias que o velho (honesto) venha governar novamente (salvo seja). Alguns intelectuais (que até os há) vieram desvalorizar a “brincadeira” que a Miss Maria Elisa trouxe de Londres quando Freitas do Amaral a expulsou com uma comenda qualquer – da Liberdade? Fizeram-no porque querem limpar-se perante o povo que já está a conhecê-los melhor pelo cheiro que exalam. Se em vez de colocar o Salazar a votos se fizesse uma votação tipo referendo sobre o 25 de Abril, estou em crer que o povo português o julgaria e bem. Ora Sócrates manda apertar em todas as partes (com excepções, claro). Que acontece? Começa a desenhar-se um apoio quase geral às suas medidas socialmente injustas. Isto só se explica pelo treino do silêncio, da miséria e de alguma fome que Mr. Salazar impôs durante 48 anos. Que Deus abençoe Salazar. Que Deus abençoe este povo. Que Deus abençoe o nosso Patriarca, o Chefe de Estado, o Presidente da Assembleia da República, Bush e os americanos. Vou parar por aqui pois vou acrescentar a esta prece umas tantas Glórias e Padres Nossos na minha costumada oração, ajoelhado à beira da cama. Ah, esquecia-me de Bento XVI. Também merece.
(a) – Também devia ir a votos pela mão da Miss Maria Elisa para ser legitimado.
manuelmelobento



Sunday, March 25, 2007

 





PORTUGAL NO NACIONALISMO ILHÉU
Continuação
Nas ilhas…

Se um dia, depois de nos reproduzirmos como coelhos – prática muito corrente em São Miguel – e tivermos aumentado a população micaelense ao ponto de termos mais habitantes do que o “continente” era muito natural que a “conversa” entre “continentais” e ilhéus fosse diferente. Tudo aponta para uma perda real de população no Portugal europeu. Não por falta de tesão, que nisso as estatísticas das inglesas indicam grande actividade. A questão centra-se mais no planeamento familiar e na emigração. Em contrapartida, já consta que existam seiscentos mil imigrantes entre os legais e os ilegais para suprir carências, as quais não sabemos bem quais são. São bem-vindos imigrantes diplomados com cursos superiores para quê? Quando emigramos vamos limpar a merda dos americanos e canadianos no Velho Mundo. Na Europa, metem-nos no campo e nas fábricas. Isto é um país de parvos! Isto é um país que foi governado por parvos um todo nada mais espertos. País de parvos porque votam em parvos para os governarem. Se assim não fosse, não estaríamos a cheirar a trampa europeia. O mesmo é dizer-se estar-se no cu da Europa. Destes factos, mesmo admitindo o contraditório, como justificar o nosso atolamento? Os Açores vão ter que assumir o corte com o Governo Central em termos de Assuntos Externos dos Açores; vão ter que renegociar a sua integração europeia imposta pelo ainda em vigor “Pacto Colonial das Ilhas Adjacentes”. Portugal não tem capacidade para nos representar. A sua economia não cresce e não se prevê nos tempos mais próximos mais-valias provenientes das medidas tomadas pelo eng. Sócrates. O que aí vem é poesia e conversa fiada. O que aí vem baseia-se na contabilidade e não na produtividade. Os números não metem. O que transparece é que não conseguimos arrancar. O equilíbrio português está assente no aumento dos impostos, no corte do despesismo e no atrofiamento das empresas. Os Açores não suportam este tipo de orientação. Portugal não pode aplicar as suas mezinhas nas ilhas. Problemas como o da OTA e o TGV não nos dizem respeito. Mas para os pagar não seremos esquecidos. É uma pouca vergonha! Mas maior vergonha são os políticos que escolhemos para nos representar que se agacham perante a prepotência económica do Poder Central. Ficaremos ligados a Portugal mais pelas dívidas deste do que por aquilo que de dele devíamos fugir.
Continua
manuelmelobento

Friday, March 23, 2007

 




PORTUGAL NO NACIONALISMO ILHÉU

Dizem os livros e alguns ideólogos confirmam que o conceito de nacionalismo baseia-se nas seguintes características atribuídas a um determinado povo: a língua, “os jogos”, os deuses, o território, a organização política, os hábitos, os costumes, a moral, etc. Eu vou acrescentar algumas coisas mais que também estão nos cadernos: a ignorância colectiva, as crendices à ilharga da religião oficial, o modo como se bebe, o modo como se usa a água para a higiene pessoal, o modo como se confecciona os alimentos, o modo como se ama, o modo como se sofre, o modo como se respeita as leis, o modo como se foge aos impostos, o modo como se mente oficialmente, o modo como se distribui a população (concentrada, dispersa e mista), o modo como se censura, o modo como se interpreta os factos e mexericos, o modo como se respeita o semelhante, o modo como se trata os desprotegidos, os marginais e os seus prisioneiros. E, para acabar, o modo como se morre. Portugal nos seus quase novecentos anos de existência é visto do exterior como um todo que está aqui e ali. É uma espécie de puzzle. Por todos os cantos do mundo o que não faz falta são portugueses. Olhados, por vezes, como mouros de carga, esforçados e honestos, por outras como uma espécie de subclasse, ao ponto de alguns portugueses, uma chusma de letrados provenientes da mais baixa ralé, os renegarem. No global somos assim. Ou melhor, alguns o são. Porém, a tendência de ir e voltar faz de nós um povo diferente de muitos outros. Por força da nossa natureza e tez mestiça, pelo modo como choramos, pela maneira como facilmente nos cruzamos com os indígenas que fomos encontrando por esse planeta que farejamos a remos e à vela, somos fortes e fracos. Fracos quando imitamos. Fortes quando colocamos as nossas entranhas à flor da pele. As nossas emoções mornas não são como as emoções ferventes dos espanhóis, por exemplo, nem frias dos anglo-saxões. “Um fraco Rei faz fraca a forte gente!” Talvez por isso andemos à procura de um Dom Sebastião que nos venha ajudar a sermos outra vez gente já que somos um pouco loucos: quando tudo temos tudo destruímos e tudo pomos a perder. O que faz falta é sacudir as fatiotas que nos obrigaram a vestir. Onde estivermos, quer estejamos na Europa quer por esse mundo fora, temos de assumir e escolher o que melhor nos servir como pequenas ou grandes comunidades sem estarmos a desviar-nos do que mais nos liga. É uma questão de respeito por tudo o que somos e que fomos e que não podemos descartar sob pena de nos perdermos. Nas ilhas…
Continua
manuelmelobento

Wednesday, March 21, 2007

 



COM TODO O POUCO RESPEITO

O SERVIÇO PÚBLICO: ESSA PROSTITUTA DE TRAZER POR CASA OU DE ENTRAR EM CASA


Entremos no espírito da coisa para podermos dar ao jeito a logorreia do costume. Estamos perante um fenómeno interessante: aumentou o número de escolas de vários níveis de ensino e o povo português continua a ser o mais atrasado e individualista da UE. Eu não estou a inventar, pois quando o faço confesso. Para que serviu o grande investimento na Educação? À partida serviu para o Estado albergar a maioria da fornada dos crânios que saem constantemente das “altas casas de instrução” com diplomas de promoção social. Alguns desses diplomas também serviram para enfeitar por esse país fora as vagas do “serviço político”. Veja-se a quantidade de diplomados que ocupam cargos para os quais os seus diplomas nem sequer servem para pregar na parede (por falta de espaço, claro!). A iniciativa privada recolheu alguns (poucos) para o seu serviço com certificados e provas dadas, convém dizer. Note-se que a iniciativa privada em Portugal não está vocacionada para a produção. Portugal é um país de serviços e de expedientes. Veja-se o exemplo de Belmiro de Azevedo, o homem mais rico de Portugal. As suas empresas não estão vocacionadas para produzir, mas para distribuir e vender o que o estrangeiro cria. A ideia mater entre nós está eivada de olhar o macaco para imitar o macaco. Nem uma reles telenovela ou concurso se cria com o cunho nacional. Uma corja de patetas, que se encontram nos lugares-chave, só tem em mente uma coisa: importar! Importam ideias e outras merdas e depois vendem-nas como produto genuíno lusitano. Mas são os mesmos que mandam perseguir e multar nas feiras os ciganos porque vendem produtos contrafeitos. Esses imbecis vivem do mesmo que os comerciantes ciganos. Falsificam tudo, mas não deixam ninguém mais comer. Uma parte da cambada dos imbecis que estão a transformar o país num entreposto (a ideia já vem de longe quando ao longo da costa africana criámos “casas do escravo” para os comprar por escudo e meio e vendê-los depois a bom preço) deu provas da sua existência no programa da cada vez mais retocada Fátima Campos Ferreira e que dá pelo nome de “Prós e Contras”. Diga-se de passagem que tanta a Fatinha quanto os seus convidados escolhidos a dedo sabem falar e convencer os papalvos. São uma espécie de vendedores de banha da cobra com altos estudos o que faz disfarçar o estilo. São os doutores da banha da cobra. O Presidente da RTP, que já não é a primeira vez que é chamado a capítulo, procurou dar a entender que a trampa da RTP era considerada um serviço público. E fê-lo com tanta convicção quanto o reitor do Santuário de Fátima ao explicar que a professora de bata branca que subiu a uma oliveira para fazer sinais era nem mais nem menos que a Nossa Senhora. Serviço público andar à cata de anunciantes de produtos que fazem mal à saúde??? Que são verdadeiros venenos como o é a cerveja que publicitam e que não contém o malte genuíno, ao ponto de ser proibida a sua venda em países civilizados!!! Estamos entregues aos” banha-da-cobra” excelentemente pagos com o nosso rico dinheirinho. O Serviço Público é um momento alto da civilização. Serviço Público tem de ser prestado em toda a parte. No comércio, na indústria, na escola, no hospital, na cadeia, na loja da esquina, na polícia, nas Forças Armadas, etc. Só que quando é prestado pelos organismos do Estado de Direito não pode ser tomado com perspectiva de lucro. Esse é que é o escândalo! É tornar o Serviço Público privado, seu chapa…
manuelmelobento

Monday, March 19, 2007

 




CARTA ABERTA-BLOGUE A PEDRO MOURA


Meu caro Pedro

Já há muito que és considerado uma instituição de utilidade pública. Os Açores passam por ti todas as manhãs numa roda-viva. Dás a conhecer o povo que somos e o povo que aspiramos vir a ser. Desdobras-te em tarefas hercúleas que só podem ser quantificadas por quem sabe o quanto custa programar eventos, realizar entrevistas, dar ao vivo o quanto sofremos e o quanto usufruímos de bem-estar. O teu trabalho é por todos reconhecido. Poderia continuar a atirar-te mais uma ou duas dezenas de atributos de qualidade positiva que não seria considerado nenhum exagero. Esta carta aberta, tipo blogue, tem por finalidade pedir-te que ponhas as tuas câmaras em sintonia com o problema dos açorianos que foram expulsos da América do Norte e Canadá. Desde o 11 de Setembro de 2001 que estes dois países têm vindo a aplicar medidas excepcionais contra o terrorismo. Com elas expulsaram - quando não prendiam - suspeitos de actividades que nada têm a ver com esses actos reprováveis que matam inocentes e não poupam ninguém. Desde pequenos delitos a grandes delitos tudo foi metido no mesmo saco. Foi um tal repatriar! São países de grande moral e de ligas em defesa da mesma. Por isso, talvez, utilizem os nossos aeroportos e bases aéreas para se reabastecer de combustível e receberem apoio técnico para irem despejar bombas sobre povos que muitas vezes não lhes fizeram mal nenhum, embora os seus dirigentes não sejam flor que se cheire. Porque são potências muito fortes, o modo como actuam faz letra de lei. A vida é assim. Não há muito a fazer contra isso. São dezenas de milhar de açorianos que estão na mira de tais medidas. Estão entre nós algumas centenas, segundo estatísticas oficiais. Estas nem sempre são fiáveis. Já me estou a alongar. Por isso, vou tentar reduzir a catadupa de palavras que querem saltar para o teclado. Bem, o que te peço é que sensibilizes mais ainda o Poder Regional e empregadores para darem oportunidade a quem está a passar as passas do Algarve e que foram atirados de pára-quedas em terreno hostil que lhes dificulta a inserção. Portugal recebe de todo o tipo de pessoas estranhas. Algumas delas vêm para trabalhar outras talvez não. São apoiadas pelo poder e para além disso organizam-se em grupos de pressão. Em grupos de pressão, convém repeti-lo. E como resultado conseguem meios de subsistência regular. Ainda bem. Nada a obstar. Agora com os nossos, a coisa é diferente. Milhões e milhões de dólares foram enviados pelos nossos emigrantes para regalo de uma burguesia que só pensa nela e na sua barriga. Como contrapartidas, os que tornaram à terra mãe sem um tostão no bolso, recebem esmolas e com elas devem desenrascar-se. Portugal e a Região têm o dever moral de não só os amparar como também arcar com a responsabilidade pecuniária para os manter fora da senda de ilegalidades que estão ao seu alcance como única saída de vida. Meu caro Pedro é esta a questão melindrosa de muitos açorianos que foram e estão desprotegidos. Trabalho remunerado, apoio, formação útil para poderem contribuir para o nosso crescimento, é o que se precisa a valer e não como falácia. Festas e mais festas; subsídios bacanos a eventos de duvidosa exequibilidade; pagamentos e mais pagamentos escandalosos a personalidades de fachada; obras de pouco interesse sócio-económico para basbaque abrir a boca, etc. Uma Assembleia Legislativa Regional que perde tempo com coisas pururucas e perde o essencial. Este essencial é o social meu caro Pedro. Esmolas não! Eles têm o direito a uma cota parte dos juros do dinheirão que enviaram com sangue suor e saudade para os que aqui desesperavam e que só serviu para certo estadão se estabelecer insensível ao semelhante. Deixo o resto desta conversa para a tua consciência de servidor pragmático da coisa pública.
Abraço
manuelmelobento

Sunday, March 18, 2007

 




DA PIDE NACIONAL A SÓCRATES


Só nações trambolhadas não possuem a chamada Intelligentzia. Quer sejam socialistas ou direitistas (para facilitar uso este termo) as nações não prescindem de um grupo de “intelectos” que na sombra se constitui em alma dinâmica protectora da integridade e unidade do Estado. São uma verdadeira elite. Esta está distribuída por muitas instituições cujo peso político é o suporte da sobrevivência de qualquer nação, seja esta ordenada num Estado independente, seja confinada apenas a comunidades a quem é reconhecido internacionalmente o estatuto de nação. Nos dias de hoje, que instituições pertencem à Intelligentzia das nações? Na Rússia “liberal”, por exemplo, temos as várias direcções das Polícias Políticas e Secretas, a chefia (Primaz) da Igreja Ortodoxa, algumas (altos administradores) instituições bancárias cooptadas com o Estado e personalidades associadas em pequenos grupos juramentados à volta da sobrevivência. Dentro das Forças Armadas russas existe um grupo que funciona em paralelo com os organismos citados. Trouxe o exemplo da Rússia à baila, porque a alteração do seu antigo regime de economia planificada para o actual não descambou totalmente no caos e na indefinição, como aconteceu com Portugal. A Intelligentzia portuguesa do Estado Novo, com a revolução sem sangue que o desfez em apenas algumas semanas, foi totalmente desbaratada pela invasão da população desgovernada dos centros de decisão e pela perseguição que alguns malucos ignorantes (com responsabilidades) fizeram ao calhas a muitos dos seus elementos. Estes, por terem cu, tiveram medo e puseram-se na alheta. Não estavam treinados contra os motins da gentalha espantada. Estavam mais habituados a mandar caçar este e o outro que se tinham posto a opinar calmamente sem para tal estarem autorizados. Na Intelligentzia portuguesa estavam à vista a direcção da PIDE, altos quadros (sete) das Forças Armadas diligentemente distribuídos por organizações paramilitares. Alguns Superiores e Grão Vice-Priores da Igreja Romana em Portugal pertenciam a uma subclasse que obedecia directamente ao Cardeal. Este, usando de toda a cautela, só se encontrara oficialmente com o ditador Salazar duas vezes em 48 anos. Os outros encontros eram de índole secreta. Tratava-se de não expor a Igreja de Roma às más línguas das democracias ocidentais (França e Inglaterra as mais viperinas). Um dos célebres encontros dos superiores da Intelligentzia para discutir o apoio da Igreja à Guerra Colonial teve lugar entre a data da invasão de Goa até ao ataque da UPA no Norte de Angola. Salazar ao organizar o Estado Novo, sabia que não poderia mantê-lo se não organizasse eficazmente a Intelligentzia portuguesa a um nível internacional. Quando Salazar morreu, a Intelligentzia passou para a chefia de um decrépito correligionário seu: Américo Tomaz, homem de confiança dos ultras. Diga-se que por isso se autodesprotegeu. Nem mesmo Marcelo Caetano pertencia aos quadros superiores. Quando era Primeiro-Ministro o poder nacional da Intelligentzia estava nas mãos do Almirante e do Major Silva Pais. Este controlava todas os membros superiores das instituições à excepção do Grão Prior, no caso Cerejeira. Marcelo não teve nunca a confiança dos tais “intelectos”… A História ensinou Sócrates, que se ele quiser levar os seus planos de regeneração adiante, terá de apanhar os cacos da velha Intelligentzia deixada pelos fascistas. Ou então, mais difícil ainda, criar uma nova. Isso não é aconselhável visto não ter descoberto ainda quais são os seus inimigos internos (e também, já agora, inimigos da Pátria). Pode contar com Cavaco Silva que embora não seja membro dela, mostra ter faro para a questão. Sócrates com a sua actuação de novo cônsul e salvador da Nação Portuguesa está em primeiro lugar para ser indicado como chefe incontestado da Intelligentzia lusitana. Mais dois passos de mágica económica e ficará senhor do destino dos portugueses tal qual o velho enfeitador de aras e criador de galináceos. Depois, é só esperar por duas coisas: que secretos dirigentes lhe entreguem a alma incondicionalmente (está em causa a nossa existência como povo...) e lhe indiquem (nomeando) um despachante credenciado. Tudo isto pode acontecer! Sócrates é hoje, diga-se o que se disser, o homem de confiança dos assustados lusitanos. Acabo já. O suposto líder da oposição, o ainda Marques Mendes quer baixar os impostos. Era de prever um movimento de apoio da populaça a tal ideia? Nada disso! O povo já está a desconfiar daqueles que prometeram o Céu e o enfiaram no Inferno. Aprenderam com Sócrates e não querem repetir a dose. Quem prometer seja o que for está perdido nas urnas. Agora é só fome e porrada. Deu certo com o nosso PM. E, como dizia o meu amigo Alceu contando o final de uma história depravada: "Já que está, deixa estar!"
manuelmelobento

Thursday, March 15, 2007

 


A MORTE DA IDEOLOGIA COMO TÍTULO DESCABIDO PARA ESTE TEXTO


Há imagens que não esquecemos nunca. Estou a lembrar-me das campanhas de alfabetização, no Portugal rural, em 1975. Meia dúzia de descabeçados começaram a dar aulas à noite a velhas e a crianças ensonadas. No que diz respeito aos velhos, devemos confirmar a sua estadia nas tabernas enquanto as esposas se diplomavam. Havia gente nova? Sim, uns estavam na tropa, os outros fugidos a salto para o Luxemburgo, Alemanha e França. As aulas obedeciam a uma motivação inicial – ideológica, evidentemente – e o seu desenvolvimento caracterizava-se por doutas e expositivas matérias. À boca pequena, constava que 70% da população portuguesa era brutalmente analfabeta. As estatísticas dos revolucionários apresentavam um cenário menos doloroso: 30%: coisas da política… Por outro lado, o povo era culturalmente muito activo religiosamente. Para além da mística religiosa oficial, os protagonistas do manguito (o povo do Bordalo, claro!) arranjavam ainda tempo para inventar em cada distrito um santuário, onde efectivamente, para não destoarem uns dos outros, a Virgem tinha aparecido. Videntes e aparições não faltavam. Umas mais importantes do que outras… O Portugal do interior era uma verdadeira amostra de como os Suevos e outros “lestianos” ainda não tinham desaparecido dos castros. As doenças e a morte por falta de higiene, repito por falta de higiene, eram o pão nosso de cada dia. Não havia médicos nem enfermeiros, nem assistência materno-infantil. Havia cidades de província que não tinham ginecologistas. Lisboa, Porto, Coimbra, sim. Meia dúzia de capitais de maior importância tinham um, quando muito. Ponta Delgada com trinta mil habitantes, por exemplo, até â década de sessenta tinha um especialista… Escolas Primárias, do “Plano Cinquentenário” pululavam por muito lado estrategicamente. Porém, o ensino público não era obrigatório. Bastava a terceira classe, dizia o ministro da Instrução do bondoso ditador. Planos habitacionais que também tiveram lugar “por todo o lado”, os chamados Bairros Económicos, eram tão giros. As casas espaçadas não permitiam grandes aglomerados, não fosse o Diabo tecê-las e transformá-los em focos de desestabilização e agitação social. Portugal era muito pequenino! De repente, esfumado o Império, eis-nos perante uma verdadeira avalanche de direitos e mais direitos. A adesão à Europa dos ricos permitiu a entrada de muito dinheiro, que foi gasto como todos nós sabemos. Sempre se fez alguma coisa, pudera não! Estradas, escolas, universidades, hospitais, pontes, pensões a rurais, aumento de quadros do funcionalismo público foi o que mais sobressaiu. E Fontes Pereira de Mello já tinha morrido. A agricultura, base de sustento de 80% da população do interior foi alterada, melhor dizendo: desapareceu. Nas aldeias portuguesas, hoje, compram-se alhos da China, maçãs e bananas da América do Sul, França, Espanha… Os têxteis, a nossa rendosa cultura do tomate e a nossa frota de pesca foram dadas como contrapartidas. De quê? Não sei! O que sei é que nos dão ainda dinheiro para comprarmos tudo o que precisarmos, até 2013. É tão bom! Tornámo-nos muito civilizados. O Centro Cultural de Belém é prova disso. Investiu-se na Música e na Literatura. Criaram-se vários prémios para alguns. Os políticos que foram eleitos para governarem espalharam por esse Mundo fora mais embaixadas que a América e Canadá juntos. Os nossos políticos serviram-se delas para apregoarem a Boa Nova: a ridícula democracia portuguesa. Mais alguma coisa? Claro que não! Embaixadores e cônsules gerais davam para encher os dez estádios de futebol, construídos à pressa para quê? Não sei! Povos do leste e de África, perante tanta abundância, resolveram emigrar para Portugal em busca do Eldorado Lusitano. Passámos a ser um país de imigrantes ilegais e ao mesmo tempo um país de emigrantes também ilegais. Que fluxo e refluxo mais giro! O governo português foi à China cativar empresários. Gastou milhões de euros na viagem. Que se ganhou com isso? Um empresário mais ou menos interessado. Que rentabilidade? O “lucro” que se arrecadará com tal estratégia não dará para pagar a instalação da amante do chinês no Ritz Hotel. Portugal é uma anedota. Com a malta toda com a corda na garganta, como pagar os juros da dívida pública e seus compromissos? Aumentando os impostos! Resultado dessa política? Toca a emigrar que se faz tarde. Para onde? Isso é que é o pior, porque já estamos a fechar as tocas onde se acoitavam profissionais da diplomacia (aqui convém salientar as vitórias em Timor. Ah!) e embaixadores de iniciativa presidencial. Imaginemos (tenho de concluir o mais rapidamente esta verborreia) que a imprensa e televisões estrangeiras vinham acompanhar a história do rapto da bebé do hospital (não digo o nome) e que por denúncia (?) a PJ descobrira passados treze meses. Filmavam a criança raptada a ser entregue na “casa de habitação” dos pais ditos biológicos. Meus senhores – estou a dirigir-me aos políticos – existem milhares de portugueses por esse país fora que vivem em pior condições do que alguns animais que moram no Jardim Zoológico de Lisboa. Os Panda, em relação a milhares de portugueses são, como hei-de dizer… seres humanos. Alguém vai ter de pagar esta bandalheira e não sou eu que já paguei a minha conta por ter cometido um crime. Fui muito bem preso! Gostaria de dizer o mesmo daqueles que defraudaram o Estado, a ideologia da Constituição e a esperança de um mundo melhor para os portugueses.
PS (1):
Espero que aqueles que me têm lido percebam que quando me “atiro” ao povo chamando-lhes nomes é porque chega a uma altura que, ou volto a acreditar no judeu Cristo filho da Virgem e de Jeová enseminador como o criador dos neutrinos, protões, electrões, quarks e outras merdas, ou à porrada se vai obrigar este povo a deixar o seu estado de “irracionalidade”. Também havia uma terceira e tendente hipótese: o leitor que invente e escolha…
PS (2):
Ao aproximar-me velozmente dos setenta anos e já muito gasto intelectualmente – melhor dizendo cerebralmente – sinto que sou incapaz de me tornar um bloguista. A blogosfera serviu-me para poder publicar aquilo que não tem espaço na imprensa tradicional. A ela (blogosfera) fico grato e aos poucos que me leram.
manuelmelobento


Sunday, March 11, 2007

 


AS INVESTIGAÇÕES EM PORTUGAL SÃO MUITO REDONDAS

Limito-me apenas a constatar que as comunidades quer sejam pequenas quer sejam grandes estratificam-se em diferentes classes sociais por mais revoluções que se façam no sentido de as igualizar. De um lado aparecem os grandes crânios orientadores, do outro, os pequenos crânios que são pertença de uma maioria. Esta maioria é composta por uma ralé que parece ser biopsicologicamente programada. É crédula, resiste ao desenvolvimento intelectual, vegeta quando em digestão. Os seus interesses estão relacionados com o imediato: a mesa e o consumismo. Dêem-lhe disto e podem os governantes estar descansados que não é preciso mais para que a estabilidade assente arraiais. Enquanto come, a “besta” está distraída. Quanto ao consumismo, torna-se essencial organizá-lo. Desde a compra de objectos inúteis até ao espectáculo os políticos estão atentos para que nada lhe falte. Em Portugal, para efeitos de estabilidade social, mormente no que diz respeito à classe dos grandes crânios, o executivo alia-se a outro órgão de soberania: os tribunais. Para manter a paz social, o Estado Novo tinha como maior aliado os juízes. Estes não cuspiam nas mãos para enviarem para a cadeia, e por alguns anos, qualquer um que opinasse livremente contra os fascistas. Os juízes responsáveis pelos tribunais plenários foram, ao tempo, tão fascistas quanto Salazar, Caetano, Cardeal Cerejeira, PIDE, Legião Portuguesa, Mocidade Portuguesa, Igreja Católica, etc. Os juízes foram, sem tirar nem pôr, os verdadeiros carrascos do salazarismo. Uma tristeza. Nos dias de hoje, apesar de não os vermos como “braço armado” dos governos, não deixam de ser manipulados por estes. Quando é preciso espectáculo, eis os tribunais a abrir os telejornais e a cobrirem as primeiras páginas dos jornais. Tudo fica na praça pública para, num espectáculo de diversão, alegrarem a besta sedenta e sanguinolenta. Os tribunais têm sido os bombeiros de serviço a esta “democracia de políticos”. Morta a Amália, inutilizado o Eusébio para o chuto (na bola), quem mais tem proporcionado espectáculo para distrair o povoléu da verdadeira política portuguesa? Estava a malta entretida com a Casa Pia, quando esta começou a perder o interesse. Estavam descobertos os pedófilos e os seus cúmplices. Uma verdadeira chatice! Os pedófilos portugueses não eram como os seus homólogos belgas. Estes, sim! Matavam as crianças. Sem crime de sangue, era uma vez a série Casa Pia. Lá se foi o protagonismo de alguns. Para a substituir eis que surge o Apito Dourado. Dezasseis mil horas de escutas sobre conversas entre árbitros, putas e dirigentes. Os dirigentes tinham amantes. As putas iam aos árbitros (nos hotéis). Depois, os árbitros não viam a bola. Dezasseis mil horas de escutas para os levar à barra do tribunal. Centenas horas de reuniões entre inspectores, magistrados e funcionários da privada e públicos. Investigações de noite e de dia. Disponibilidade de meios técnicos e humanos para acompanharem os passos dos suspeitos. Só as dezasseis mil horas representam quatrocentas e quarenta e quatro semanas de trabalho de dois inspectores. Não fazendo contas a horas extraordinárias, só as horas normais custaram ao povo quase quinhentos mil euros. O Apito Dourado, enquanto entreter a ralé e permitir que esta súcia de políticos que nos governa esteja nas suas sete quintas negociando os restos que ainda temos, vai durar até aos ossos depois de nos ter papado até ao tutano. Os tribunais, tal é a ingenuidade, caíram mais uma vez na ratoeira. Quando, há tempos, uma criança, filha de uma mulher de nome Leonor Cipriano, desapareceu, houve, de facto um movimento humanizado tanto da parte das polícias de investigação como do Magistério Público a fim de a encontrarem. Durou pouco tempo a investigação e a condenação foi rápida. A mulher não assumiu o crime. Porém, foi condenada. Com esta investigação gastou-se uma serrilha e meia. Serviu o circo e pronto. Teria sido exaustiva e completa a investigação? Não o creio. A questão é simples: gastar dinheiro com isso… Desaparecem todos os anos algumas crianças e não vejo disponibilizar meios técnicos e humanos para a boa solução dos problemas criados com o seu desaparecimento como se tem feito com o Apito Dourado e outras tretas do género. A ralé tem pouco interesse pelos filhos dos outros. A PJ invadiu quatro bancos à procura de desmandos económicos. Nunca mais se ouviu falar do assunto e não sabemos em que pé estão as investigações. O importante, agora, é o Apito Dourado. Interessa mais à besta. Magistrados altamente qualificados na luta contra o crime foram desviados para a caça do som de um apito que por “acaso” não se fez ouvir. Estão brincando com a ralé? Nada disso! Ela merece! Está programada biopsicologicamente para ser estúpida. É a besta dos tempos modernos.
PS:
Imagine-se o dinheiro gasto pelas autoridades judiciárias, policiais e de vigilância na bisbilhotice que fazem diariamente a todos os cidadãos. A nossa vida está toda em pacotes informativos e à mão de semear. No tempo do saudoso ditador, o bondoso Prof. Salazar, a PIDE também tinha relatórios sobre a vida íntima de cerca de um milhão de cidadãos portugueses. Mas, esses relatórios eram feitos à manápula e serviam fins atentatórios da dignidade humana... Os tempos mudam e as técnicas também. Os políticos, esses, são os tais que fazem a besta ser besta.
manuelmelobento

Tuesday, March 06, 2007

 




PROFESSORES AO PONTAPÉ

Não é fácil ser imparcial quando se fala de uma matéria da qual somos juízes em causa própria. É o que vai acontecer com este texto. Tendo sido profissional do ensino público durante vinte e tal anos, tenho, efectivamente, alguma coisa a dizer sobre os últimos acontecimentos que colocam os professores no centro de um furacão que põe em causa toda uma civilização. Tive sorte, pois nunca fui agredido. Porém, tive conhecimento de um caso em que o pai de uma aluna forçou a entrada na escola onde eu trabalhava para procurar tirar satisfação sobre uma chamada de atenção oral feita por um professor à sua educanda. O “senhor” queria bater no professor. Afirmou-o claramente do alto de um metro e noventa e uns quilos à Tallon. E, só não o conseguiu porque não encontrou o docente no estabelecimento e como o tempo foi passando através de um diálogo dissuasor o “senhor” Encarregado de Educação esfriou. A discussão sobre o tema teve lugar num gabinete apropriado onde um professor (que não era o procurado) começou por aceitar ser “legítimo” o comportamento do putativo agressor. Depois, resolveu inquirir a discente das razões porque se queixara ao progenitor. Pergunta aqui pergunta ali, a aluna, uma grandalhona com problemas de adaptação, foi-se descaindo até ficar com a careca à mostra. Este facto acabou por colocar o “senhor” perante aquilo que na sua cabeça se fez luz (luz, imagine-se). As despedidas foram feitas em termos muito diferentes do rompante inicial e prometeu-se posteriormente apurar dos factos para melhor entendimento, funcionalidade e harmonia futuras. Poderia ter sido um caso sério se as circunstâncias não tivessem contribuído para diluir um possível acto violento de consequências imprevisíveis. Este episódio tem uns bons doze anos. Daí para cá temos tido conhecimento de casos que chegaram a vias de facto. Muitos deles não transitam para os tribunais porque são resolvidos internamente. Os restantes pelo que se sabe não deram em nada. Não me parece que seja a barra do tribunal quem deva resolver isoladamente a violência que se generalizou por toda a parte, mas sim a aplicabilidade das leis em primeiro lugar. Ultimamente, alguns chefes de família têm sido condenados a penas de prisão acusados de violência doméstica. Depois de saírem da cadeia vão pensar duas vezes se vão educar os filhos à pancada ou convencer o cônjuge a fazer sexo a soco e a pontapé. Tem acontecido que alguns deles se tornaram de um dia para o outro civilizados, pois começaram, por medo, a respeitar a lei, a mesma que nunca os tinha punido pelos hábitos e tradição os quais eram apenas admoestados e perdoados nos confessionários. Bater em professores não consta dos hábitos dos portugueses da Europa nem dos das ilhas. Alguma descaracterização da profissão dos professores poderá ter levado a acções menos respeitosas que descambaram em violência física. Por outro lado, algum desrespeito pelas forças da ordem, proveniente de atitudes menos responsáveis pela parte do poder político como foi o caso de mandarem banhar polícias no Terreiro do Paço que se manifestavam, contribuíram para um certo caos. Sem referências numa autoridade respeitável - umas acusadas da tradicional corrupção outras de crimes mais graves - as outras profissões que carecem de um certo tipo de autoridade e respeito teriam de sofrer também um certo desgaste de imagem. Que poderia ter acontecido à “autoridade pedagógica” senão sofrer na pele a mesma degradação de todas as outras? Uma coisa leva a outra. Mas, os professores nem sequer podem ser acusados de corrupção. É uma actividade - das poucas classes profissionais - que nada tem a ver com ela. Depois do 25 de Abril, houve casos de professores terem sido acusados por usarem uma certa violência que não passava de um empurrão sem consequências. Antes batiam nas crianças para as fazerem decorar a matéria. Os pais quando levavam os filhos à escola nos primeiros dias diziam aos mestres que não se poupassem nos esforços físicos para os ensinar. Estava mal! Era o antigamente. Mas daí a que nos dias de hoje todos queiram molhar a sopa nos professores vai um salto muito estranho e pouco qualitativo. Vem aí a legislação que vai permitir acusar os que utilizem de violência contra os professores de crime público. Já devia ter sido há muito tempo. A solução pode estar à vista. Safei-me de boa, mesmo tendo seguro contra todos os riscos. A senhora ministra da Educação, por nunca ter leccionado em turmas problemáticas, de pré-delinquência, de deficientes integrados, de alunos esfomeados, de alunos vítimas de violência doméstica, de alunos que são obrigados pelos pais a trabalhar, de alunos ensonados, etc., não sabe do que fala porque lhe faltam conhecimentos de área. A senhora ministra devia comparar a vida do técnico superior acomodado calmamente no seu gabinete de luxo e a vida de um professor que é também é um técnico superior no seu, por vezes, transformado em arena. Os gritos que alguns dão, o barulho que fazem, as provocações que verbalizam, as distracções permanentes que inutilizam estratégias para os motivar, etc., é o pão nosso de cada dia e depois disto tudo ainda se sujeitam a levar pela cara e a serem colocados com a casa às costas aqui e ali tornam os professores uma nova classe de escravos intelectuais.
manuelmelobento


Monday, March 05, 2007

 


O SARCÓFAGO DOS VOTOS

Não tenho bem a certeza se foi Edward Heath, antigo primeiro-ministro dos bifes, que por ter mexido com a bolsa das donas de casa, foi corrido do poder. Fica no ar esta incerteza. Os nativos das Ilhas Britânicas, para mim, não merecem grandes investigações. É uma atitude pouco académica, mas não esqueço o modo como, ao longo da Historia, eles trataram os portugueses: desde atitudes racistas até nos considerarem muito próximo da irracionalidade há de tudo um pouco. Porém, esquecendo esta minha indisposição biopsicológica para com aquela gente, devo dizer, que de facto, se aprende tanto de mau como de bom com eles. Para eles a opinião pública tem muito valor e poder. É que no seu regime político – democracia – os políticos respondem por vezes, nos bairros/freguesias, por onde são eleitos, às questões postas pelos fregueses. Ouvem das boas na cara e é no mesmo terreno onde vão tentar sacar votos que respondem pelos falhanços que muitas vezes caracteriza a sua “profissão”. Alguns, às vezes, até com tomates e ovos levam nas trombas. No nosso caso – democracia – os nossos candidatos, tão depressa são eleitos, metem-se num buraco negro e nunca mais aparecem. Organizam-se em panelinhas. Ora arranjam um competente fala-barato para orientar os saberes partidários no Parlamento, ora o cabeça de cartaz – vulgo líder – também intervém (se tiver assento lá, o que não é o caso do chefe do PP-CDS) nas vezes que estiver na vez ou quando é preciso confirmar coisas mais sérias. Às tantas, aparecem nos media, e é daí que temos “contacto” com eles. Os eleitores mais afortunados podem vê-los mais de perto nos restaurantes da moda, onde se passeiam e enchem o estômago (situa-se entre o esófago e o intestino delgado). É bom ser-se político em Portugal. Não têm (os políticos, quem havia de ser) de prestar provas sobre competências. Podem até tê-las. O que é difícil é descobri-las. A verdade se diga, se temos um governo para quê estar a levantar esta questão? Então, não era de esperar ver os nossos políticos - os da situação - a explicarem aos manifestantes os motivos porque se estão a fazer tantas reformas, principalmente junto das Urgências que vão passar a asilos catarrosos? Esta questão está mal colocada. Diria que é mais uma baboseira das minhas. Mas, naturalmente, os políticos - da oposição - poderiam, nesse espaço de agitação, explicar pedagogicamente qual era a sua posição sobre a matéria. Outra baboseira! Então, o Primeiro-Ministro não se está a preparar para coordenar todas as forças paramilitarizadas? As manifestações de futuro terão de ser previamente autorizadas (como acontece hoje em dia) mas as ordens para as cargas policiais - se as houver - terão de vir directamente do coordenador-geral, que por sinal será o Primeiro-Ministro. Os generais já estão dispostos a integrarem essas novas forças da ordem para lhes dar um novo visual de comando e apanharem algum do poder perdido. Tudo isto e mais alguma coisa ainda vai sair da cartola do engenheiro. Os representantes do povo, entretanto, “ciestam”. Não há moções de censura. Não há reclamações para esta mudança à americana que o PS está a fazer aos portugueses. O emprego seguro acabou. O Estado já não garante aquela segurança a que estávamos habituados. Aliás, o que é interessante observar é que as manifestações são agora levadas a cabo pelas federações dos sindicatos… dos funcionários públicos. Antes, quem aparecia para reclamar eram operários e rurais orientados pelo PCP. A moda agora é outra. E pelo andar da carruagem, ainda havemos de assistir a manifestações dos próprios políticos quando Sócrates – na sua incontida sanha à yankee – os considerar trabalhadores com vínculo precário. Isto é, acabado o trabalho “público” não há mais encaixes em empresas onde o Estado (coitado que ainda resiste) já não terá um tostão furado de acções. Se não for “eleito para as listas” o que o espera é o lugar como assalariado de substituição ao balcão de qualquer estabelecimento da privada, enquanto a parturiente faz nascer a nova classe de português: loiro, muito louro…
manuelmelobento

Friday, March 02, 2007

 
Na minha infância
apregoaram-me a estampilha
do Bode Velho.
E de medos numa comédia de ritos
em tempo de preparo
para todas as despedidas
me cooptaram.
E de cúmplice ajoelhei!
Saído à pressa nos santificados
dos lençóis
temperados pelo suor
dos sonhos de criança
fui
pelos templos desse templo
tropeçando nos olhares dos altares
onde os sabidos das íntimas ingerências
embaixadores credenciados ad hoc
para as colheitas dos sacrifícios
no trono milenário
pedra de ara de patuscadas verbais
e de ladaínhas indecifráveis
levado.
E na Fonte Velha
que pinga os mitos e as simbólicas adivinhas
num raro jogo de morte montada
pelos corifeus
quebrei a taça cheia de toda esta compilada
colecção de alçapões
que fazem do tacto, do cheiro e da visão
o sábio de todos os erros.
E foi no mapa dos cacos dos seres espalhados
meu guia na fuga ao Bode Velho
o encontrei entretido
no prado da ignorância
que escapei do êxtase
e do embalsamento eterno
menuelmelobento

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